Autores do Pré-Modernismo
Augusto dos Anjos
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 28 de abril de 1884, no Engenho do Pau d’Arco, interior da Paraíba.
Formou-se com distinção na Faculdade de Direito do Recife, a exemplo de seu pai, conhecido advogado da região.
Posteriormente, passou a lecionar na capital da Paraíba, casou-se e foi morar no Rio de Janeiro, onde permaneceu por quatro anos. Viajou a Minas Gerais e fixou residência na cidade de Leopoldina.
Vítima da tuberculose, morreu aos trinta anos, tendo apenas um único livro escrito e publicado, Eu (1912).
Augusto dos Anjos, Paraíba, 1884 - 1914.
Eu (1912). Única obra escrita e publicada de Augusto dos Anjos.
Trajetória
Augusto dos Anjos é considerado o poeta mais original do início deste século. Embora apresente influências formais parnasianas, como o gosto pelos versos alexandrinos e decassílabos, influências naturalistas como a crença no cientificismo e no determinismo e influências simbolistas como o pessimismo e a musicalidade dos versos, produziu uma poesia singular, expressa em uma única obra, Eu.
Em seus versos escabrosos, sem esperança e trágicos, surpreende o vocabulário, repleto de termos científicos e antipoéticos com expressões como vomito, vermes, escarro, podridão, cadáveres. Observe essas características no soneto abaixo:
Versos íntimos
“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”