Santa Rita Durão
José de Santa Rita Durão nasceu no ano de 1722 em Cata-Preta, nas proximidades de Mariana, em Minas Gerais. Ingressou na Ordem de Santo Agostinho, em Portugal, e lá permaneceu até sua morte em 1784.
Seu trabalho mais conhecido é o Caramuru (1781), cujo subtítulo, Poema épico do descobrimento da Bahia, remonta ao tempo em que os primeiros europeus chegaram ao Brasil e travaram contato com os nativos.
Caramuru é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia que passa a viver entre os índios Tupinambás após sobreviver a um naufrágio no litoral baiano. Considerado um herói "cultural", que ensina as leis e as virtudes aos "bárbaros" que aqui viviam, ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo.
Os índios, assustados, equiparam-no a Tupã e passam a respeitá-lo como uma entidade enviada. Ele se encanta com Paraguaçu, a bela índia de pele branca. Já instalado na tribo, Diego percebe a possibilidade de difundir a fé cristã para os índios, doutrinando-os após ter encontrado uma gruta que se assemelharia a uma igreja.
Santa Rita Durão
Mais adiante, Diego ajuda a resgatar a tripulação de um barco espanhol que havia naufragado e vê a possibilidade de retornar à Europa através da nau francesa que viera resgatar aquela tripulação. Parte, com Paraguaçu, deixando para trás as belas índias que haviam se apaixonado por ele, incluindo Moema, a mais bela, que atira-se ao mar em direção ao navio na tentativa de alcançar o seu amado.
Ao chegar na Europa, Paraguaçu é batizada de Catarina, ambos são festejados e recebem as honras da realeza lusitana.
Moema (1866), por Victor Meireles
O poema segue a estrututura dos versos camonianos (de Camões) e da epopeia clássica, com fortes influências da mitologia grega: composto por 10 cantos, versos decassílabos, oitava rima camoniana. Segue também com a divisão tradicional das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Conheça um trecho do poema épico em que é narrada a morte da índia Moema, uma das mais belas cenas já descritas na literatura brasileira:
Canto VI XXXVII Copiosa multidão da nau francesa XXXVIII "- Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem... (...) XLI Enfim, tens coração de ver-me aflita, XLII Perde o lume dos olhos, pasma e treme, |