Naturalismo
Frequentemente o Realismo e o Naturalismo são estudados juntos, pois suas origens e suas características são muito semelhantes.
Pode-se dizer que o Naturalismo é uma ramificação do Realismo, pois os dois movimentos se desenvolveram ao mesmo tempo na Europa e encontraram no Brasil escritores que souberam desenvolver o romance, dadas as condições sociais de um país às vésperas da abolição da escravatura, da Proclamação da República e que estava vendo os latifundios serem gradativamente invadidos por estrangeiros e máquinas.
O vagão de terceira classe (1864),
do artista francês Honoré Daumier
Na Europa, o movimento iniciou com o escritor francês Émile Zola que, influenciado pelas teorias científicas da época e pelos romances do seu contemporâneo Honoré de Balzac, tentou transpor o rigor da análise científica para a ficção.
Seus dois romances principais, Nana (1880) e Germinal (1881) tratam, respectivamente, da prostituição de luxo e das condições dos mineiros. Para escrever Germinal, Zola trabalhou durante alguns meses em uma mina de carvão a fim de ficar próximo de seu “objeto de estudo” e escrever uma obra que fosse o mais fiel à realidade possível.
Zola pegou pesado no trabalho e acompanhou de perto a rotina, as condições precárias e a greve que os mineiros organizaram.
Características
As principais características do período incluem: uma análise social bastante acurada de grupos marginalizados, isto é, que não costumavam aparecer até então na literatura no Romatismo. Há, por meio dos escritores, uma valorização dos ambientes coletivos, como aglomerados e habitações.
Inspirados pelo cientificismo do século XIX, muitos escritores escreveram "romances de tese", isto é, romances que pretendiam provar algum aspecto da natureza dos seres humanos em sociedade. No caso dos escritores do Naturalismo, a principal delas era o determinismo, isto é, a prova de que os seres humanos são influenciados por seu meio, pelo momento em que vivem e pela sua raça.
Os Bêbados (1908), do artista
português José Malhoa
Assim, muitos romances priorizam aquilo que é instintivo e primitivo no ser humano, em detrimento da razão, como a agressividade e o erotismo, além de contarem com narradores objetivos e oniscientes, que assistem às cenas como espectadores-cientistas que dissecam seus personagens, com o intuito de confirmar suas teses.
Para os dias de hoje, muitas dessas "teses" não são mais válidas. No entanto, os romances têm seu valor histórico para a literatura. Com relação aos enredos, a grande maioria dos romances naturalistas possui finais trágicos, quase sempre ressaltando a supremacia dos personagens da elite (em geral, brancos, europeus ou seus descendentes) em detrimento dos personagens das classes mais pobres e operárias.
Características que para o leitor contemporâneo não são incomuns, na época do Naturalismo causaram uma reação negativa perante a crítica literária, tais como: uso da linguagem oral e popular nos diálogos, cenas de sexo, incesto e amor homossexual.