A Literatura Realista
As produções do movimento realista enfocam determinados aspectos da sociedade por meio de uma linguagem objetiva e com precisão de detalhes.
Como se os fatos cotidianos estivessem debaixo da lupa do escritor, que faz um estudo sistemático de seus personagens, desenvolvendo minuciosamente tanto suas características físicas quanto seu caráter.
Há uma preocupação por parte dos autores em retratar as camadas mais baixas da sociedade, seus dramas e suas condições precárias, como forma de denúncia social. Com relação à burguesia e às camadas mais altas da sociedade, os escritores se preocuparam em criticar instituições como a Igreja, sistemas como a escravidão e a evidenciar os vícios, os jogos de poder e as traições dentro da família patriarcal.
A
câmara
mortuária de Madame Bovary(1912), de Albert-Auguste Fourié
O romance realista também foi o responsável pela primazia da literatura em prosa. Pela primeira vez na história, a prosa era mais importante do que a poesia.
Publicado em forma de folhetim em 1856, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, é considerado o romance precursor do Realismo, inaugurando a narrativa realista moderna. Saiba mais:
Gustave Flaubert (1821-1880)
Madame Bovary conta
a história de Emma Bovary, esposa do médico Charles
Bovary, que se envolve em casos extraconjugais e arruína a
fortuna do marido na tentativa de escapar do tédio que é
a sua vida na província. Afundada em dívidas e desiludida
pelo seu grande amor (um de seus amantes), Emma comete suicídio.
A agonia dos últimos momentos de Emma é descrita com
precisão e objetividade, diferentemente das
descrições apaixonadas nos romances do Romantismo.
Flaubert se considerava um perfeccionista e, influenciado pelo
cientificismo e pelo positivismo, buscou sempre “le mot
juste”, isto é, a palavra certa e precisa para descrever
as cenas e dar vida aos seus personagens.
Apesar do preciosismo, da análise psicológica e da beleza
de Madame Bovary, o livro chocou a sociedade francesa na época
de sua publicação e foi considerado obsceno. Flaubert foi
processado e acusado de imoralidade. Absolvido, em 1857, quando
questionado sobre quem seria a pessoa por trás da personagem
Emma, Flaubert respondeu apenas “Madame Bovary c’est
moi”, isto é, “Madame Bovary sou eu”.
Além de “Madame Bovary”, Flaubert também
escreveu “A Educação Sentimental” e
“Salammbô”.
Além de Flaubert, outras obras e escritores se destacam no movimento: A Comédia Humana, de Balzac e O Vermelho e o Negro, de Stendhal, na França; Oliver Twist, de Charles Dickens e a peça de teatro Casa de Bonecas, do norueguês Henrik Ibsen, na Inglaterra; O Primo Basílio, de Eça de Queirós, em Portugal; Os Irmãos Karamazov, de Dostoiévski e Guerra e Paz, de Tolstói, na Rússia e, é claro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, no Brasil, inspirado, principalmente, pelos romances franceses e portugueses.