Principais obras de Machado de Assis (continuação)
Memorial de Aires (1908)
Último livro de Machado de Assis, não possui um enredo linear. É composto por uma série de entradas de diário, contando diferentes episódios do comendador (semelhante à forma de composição de Memórias Póstumas de Brás Cubas) entre os anos de 1888 e 1889.
O narrador-personagem já havia aparecido no romance anterior Esaú e Jacó. Em Memorial de Aires, o romance gira em torno do casal de velhinhos Aguiar e Carmo, sua rotina e suas tristezas (como o fato de não terem tido filhos).
Há quem diga ainda que o comendador é um alter ego de Machado de Assis e D. Carmo, de Carolina, sua esposa. O livro é objeto de controvérsia por ser pessimista com relação à velhice e ao mundo e por mostrar um narrador alheio à sociedade carioca da época, que fervilhava com a abolição da escravatura (1888) e com a Proclamação da República (1889), dois acontecimentos muito importantes da história do país.
A polêmica em torno do livro deve-se ao fato de que Machado, neste romance, demonstra indiferença com os ideais abolicionistas da época. O fato de o enredo acontecer em um ambiente doméstico da elite carioca ligada à monarquia foi entendido como descaso com os acontecimentos sociais tão importantes da sua sociedade, por meio de um narrador de visão limitada e parcial.