Autores da primeira geração romântica
Gonçalves de Magalhães
Gonçalves de Magalhães nasceu em Niterói (RJ) em 1811 e faleceu em Roma, onde exercia cargos diplomáticos, no ano de 1882.
Estudou Medicina e viajou para a Europa, onde exerce a função de diplomata e passa a ter contato com a produção literária do velho continente e funda, em Paris, a revista literária Niterói, revista brasiliense, um dos marcos iniciais do movimento romântico no país.
Suspiros poéticos e saudades (1836) inaugura o movimento com uma literatura ufamista, celebrando a nacionalidade e também com temas religiosos, repudiando a estética clássica e a temática da mitologia pagã (bastante expressiva no período anterior).

Gonçalves de Magalhães
Além da poesia lírica voltada para o sentimentalismo, nacionalismo e religiosidade, Magalhães escreveu a Confederação dos Tamoios (1856), poema em dez cantos, inspirado nos poemas épicos, em que versa sobre a rebelião dos indígenas contra os colonizadores portugueses ocorrida entre os anos de 1554 e 1567.
Nele, o poeta defende os índios como bravos guerreiros empenhados na defesa de sua terra, o que denotaria um forte sentimento nacionalista embora, é claro, ainda não houvesse oficialmente um país. Logo, os índios seriam os primeiros heróis nacionais.
Veja um trecho do poema:
Redobrando de força, qual redobra
        A rapidez do corpo gravitante,
        Vai discorrendo, e achando em seu arcanos
        Novas respostas às razões ouvidas.
        Mas a noilte declina, e branda aragem
        Começa a refrescar. Do céu os lumes
        Perdem a nitidez desfalecendo.
        Assim já frouxo o Pensamento do índio,
        Entre a vigília e o sono vagueando,
        Pouco a pouco se olvida, e dorme, sonha,
        
        Como imóvel na casa entorpecida,
        Clausurada a crisálida recobra
        Outra vida em silêncio, e desenvolve
        Essas ligeiras asas com que um dia
        Esvoaçará nos ares perfumados,
        Onde enquanto reptil não se elevara;
        Assim a alma, no sono concentrada,
        Nesse mistério que chamamos sonho,
        Preludiando a vista do futuro,
        A póstuma visão preliba às vezes!
        Faculdade divina, inexplicável
        A quem só da matéria as leis conhece.
        
        Ele sonha... Alto moço se lhe antolha
        De belo e santo aspecto, parecido
        Com uma imagem que vira atada a um tronco,
        E de setas o corpo traspassado,
        Num altar desse templo, onde estivera,
        E que tanto na mente lhe ficara,
        — "Vem!" lhe diz ele e ambos vão pelos ares.
        Mais rápidos que o raio luminoso
        Vibrado pelo sol no veloz giro,
        E vão pousar no alcantilado monte,
        Que curvado domina a Guanabara. 

O último tamoio (1883), de Rodolfo Amoedo
Saiba Mais:
O escritor José de Alencar escreve, sob o pseudônimo Ig (referência à índia Iguassú), uma série de críticas acerca do poema, de sua temática e da sua composição:
Se me perguntarem o que falta, de certo não saberei responder; falta um quer que seja, essa riqueza de imagens, esse luxo da fantasia que forma na pintura, como na poesia, o colorido do pensamento, os raios e as sombras, os claros e escuros do quadro.
Alencar dizia também que o gênero épico não era compatível com a literatura das Américas, principalmente do Brasil, uma nação ainda em nascimento. Essa série de críticas resultou na publicação Cartas sobre a Confederação dos Tamoios, em 1856, que deu projeção literária ao então jornalista José de Alencar e contribuiu para que ele escrevesse seus principais romances indianistas.






























