Poesia social
Os anos de ditadura no Brasil fizeram surgir uma poesia de resistência, onde se destacou Ferreira Gullar, que havia sido concretista, aderiu ao poema/processo e foi um dos fundadores do movimento Neoconcretismo no Rio de Janeiro.
Ferreira Gullar passa então a direcionar sua poesia para a temática social. Seu engajamento político cresce a partir do golpe de 64.
Observe estas características no poema Agosto 1964, do livro Dentro da noite veloz:
Agosto 1964
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro-Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do horror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira
Ferreira Gullar também escreveu Cabra marcado para morrer (1962), Poema sujo (1976), peças teatrais e ensaios.
Ferreira Gullar
Poema sujo - Ferreira Gullar