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Características do Simbolismo

Subjetivismo, individualismo e imaginação

Valorizava o mundo interior do indivíduo. Apresentava poesia “difícil”, que versava sobre o “eu” profundo e as “emoções”, manifestando os desejos íntimos e a visão pessoal e sombria do mundo.

Usava expressões como: “toda alma num cárcere anda presa”, “os miseráveis, os rotos são as flores dos esgotos” ou ainda “esta profunda e intérmina esperança”.

Conteúdo irracional: poemas vagos e complexos, imprecisos e, alguns, indecifráveis. Em razão disso, os poetas da época foram chamados de “nefelibatas”, ou seja, sonhadores quanto aos seus ideais, nebulosos quanto ao conteúdo e inatingíveis quanto à linguagem. Veja:

“Nos Santos óleos do luar floria
teu corpo ideal, com resplendor da Helade...
E em toda a etérea, branda claridade
como que erravam fluidos de harmonia.”

(Cruz e Sousa - Em Sonhos...)

“Desta torre desfraldam-se altaneiras,
por sóis de céus imensos broqueladas,
bandeiras reais, do azul das madrugadas
e do íris flamejante das poncheiras.”

(Cruz e Sousa - Torre de Ouro)

Diante dos registros simbolistas, é fundamental que o leitor sinta a musicalidade e a sugestão, ao invés de preocupar-se em compreender a mensagem, algo que nem sempre é possível.

Musicalidade e figuras de linguagem

O objetivo da musicalidade nos versos era o de criar uma atmosfera de mistério e sugestão. Para os poetas, as palavras deveriam sugerir, evocar e não descrever e definir.

As palavras eram escolhidas pela sonoridade, valendo-se do uso repetido de um mesmo fonema para sugerir um som que aproximasse a linguagem do conteúdo (aliterações), assonâncias (repetindo as mesmas vogais tônicas em palavras diferentes) e, também, fazendo uso de rimas e ecos. Observe:

“Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

(Cruz e Sousa  - Violões que Choram)

Misticismo e espiritualismo

Denotava a  fuga da realidade, conduzindo o poeta simbolista ao mundo espiritual. Realizava uma viagem ao mundo invisível e imaterial do ser humano e utilizava-se de vocabulários litúrgicos, tais como: antífona, missal, ladainha, hinos, breviários, turíbulos, aras, incensos. Observe:

“O ventre em pinchos, empinava todo
como réptil objeto o lodo
espolinhando e retorcido em fúria.

Era a dança macabra e multiforma de um
verme estranho, colossal enorme
do demônio sangrento em luxúria.”

(Cruz e Sousa - Dança do Ventre)

Sinestesia

Na poesia simbolista os poetas iam além dos significados usuais das palavras, atribuindo qualidade às sensações, ou seja, utilizavam a sinestesia, que possibilitava a expressão de estados do inconsciente, onde as imagens se associavam em planos nem sempre lógicos; a partir de uma ideia era possível despertar várias sensações.

São algumas construções sinestésicas: som vermelho, dor amarela, doçura quente, silêncio côncavo. Veja: 

“Tarde de olhos azuis e de seios morenos.
Ó tarde linda, ó tarde doce que se admira,
Como uma torre de pérolas e safira.
Ó tarde como quem tocasse um violino.
Tarde como Endimion, quando ele era menino
Tarde em que a terra está mole de tanto beijo,
Porém querendo mais, nervosa de desejo...”

(Emiliano Perneta)

Referências:

GONZAGA, Sergius. Curso de literatura brasileira.1.ed.Porto Alegre: Leitura XXI, 2004.
OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Literatura Brasileira: teoria e prática.1.ed.São Paulo: Rideel, 2006.
TELLES, G.M. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 17.ed. Petrópolis:  Vozes, 1997.

  
Como referenciar: "Simbolismo - Características" em Só Literatura. Virtuous Tecnologia da Informação, 2007-2024. Consultado em 09/11/2024 às 11:01. Disponível na Internet em http://www.soliteratura.com.br/simbolismo/simbolismo3.php