Autores modernistas da segunda fase (continuação)
Vinicius de Moraes
Marcos Vinícius de Melo Moraes nasceu no Rio de Janeiro, em 1913. Foi poeta, compositor de música popular, cronista e crítico de cinema.
Nasceu em uma família de intelectuais, com formação católica. Cursou o secundário com os jesuítas do Colégio Santo Inácio.
Formou-se advogado em 1933, ano em que lança o primeiro livro, Forma e Exegese.
Vinicius de Moraes, Rio de Janeiro (RJ), 1913 – 1980
Obra Forma e Exegese
Assumidamente boêmio, iniciou cedo nas rodas literárias e musicais, formando um conjunto musical com Paulo e Haroldo Tapajós. Entre os anos 30 e 40, atuou como censor e crítico cinematográfico. Estudou literatura inglesa em Oxford, Inglaterra, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, quando, de volta ao Brasil, passa a escrever regularmente críticas de cinema para jornais e revistas. Em 1943, ingressa na carreira diplomática e presta serviços consulares em diversos países, até o ano de 1968.
O diplomata Vinícius de Moraes
Com a "bossa nova" em alta, Vinícius de Moraes passa a se dedicar, desde o final dos anos 50, à composição de letras para canções populares.
Vinicius de Moraes compondo
A década de 1950 marca o início da sua trajetória na música popular, da composição de seus primeiros sambas e de sua participação na criação da bossa nova, ao lado de Tom Jobim (1927 - 1994), com o lançamento do disco Canção do Amor Demais, em 1958, interpretado por Elizeth Cardoso.
Vinicius de Moraes e Tom Jobim
Em 1959, a obra de Vinicius se tornou conhecida mundialmente. Sua peça Orfeu da Conceição é adaptada para o cinema sob o nome de Orfeu Negro, adaptação realizada pelo diretor francês Marcel Camus, que é premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e recebe o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Divulgação Orfeu Negro
“Garota de Ipanema" é uma das mais conhecidas canções de Bossa Nova e MPB.
Foi composta em 1962 por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim.
Os últimos anos de vida de Vinícius de Moraes são dedicados especialmente à música, período vivido entre turnês nacionais e internacionais, acompanhado de seu amigo e músico Toquinho (1946).
Vinicius de Moraes e Toquinho
Vinicius de Moraes morreu em julho de 1980, no Rio de Janeiro.
Vinicius de Moraes – registro fotográfico de 1980
Principais obras
Poesia: O Caminho para a Distância (1933); Forma e Exegese (1935); Ariana, a Mulher; (1936); Novos Poemas I (1938); Cinco Elegias (1943); Poemas, Sonetos e Baladas (1946); Pátria Minha (1949); Livro de Sonetos (1957), Novos Poemas II (1959); O Mergulhador (1965); A Arca de Noé (1970).
Obra Ariana, a Mulher com dedicatória
Teatro: Orfeu da Conceição (1954); Cordélia e o Peregrino (1965); Pobre Menina Rica, (1962).
Cartaz: divulgação peça teatral Orfeu da Conceição
Crônicas: O Amor dos Homens (1960); Para Viver um Grande Amor (1962); Para uma Menina, com uma Flor (1966).
Capa da obra Para Viver um Grande Amor
Vale a pena saber mais:
Vinicius de Moraes tornou-se extremamente conhecido em razão da sua atuação na música popular. Entretanto, antes de tornar-se músico, foi poeta lírico. No início de sua carreira, sua poesia tem como tônica a religiosidade impregnada do misticismo dos neossimbolistas. A partir da publicação de Cinco elegias (1943), nasce um lirismo amoroso de fundo erótico, onde se sobressai a figura feminina. Embora não abandone o erotismo, sua poesia ganha conotação social e reflete o momento presente. A bomba atômica, por exemplo, serviu de inspiração.
Observe:
A rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
O melhor de sua produção lírica está nos sonetos. Vinicius de Moraes foi o responsável por revitalizar essa forma de composição, desprezada pelos modernistas da primeira fase, produzindo alguns dos mais admiráveis sonetos de nossa língua. Observe:
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama