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Principais autores modernistas da primeira fase

Mário de Andrade

Mário de Andrade nasceu em São Paulo, cidade onde estudou e se formou no Conservatório Musical, tornando-se mais tarde professor de História da Música.

Foi um dos líderes da Semana de Arte Moderna e ativo divulgador das ideias modernistas durante toda a década de 1920.

Participou da célebre viagem de alguns escritores e artistas do Modernismo pelo grande sertão brasileiro, que culminou com a subida pelo rio Amazonas, até suas nascentes.


Mário de Andrade, São Paulo (SP),  1893 – 1945

Foi diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo e o principal elaborador da lei que criou o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 1938, foi nomeado diretor do Instituto de Artes da Universidade do Rio de Janeiro.

Dedicou-se a um grande número de atividades culturais (poeta, contista, critico literário, professor, incentivador de novos talentos, pesquisador de manifestações musicais, folclorista e incansável missivista). Mário de Andrade foi o principal representante da primeira fase do Modernismo. Morreu de forma precoce aos 52 anos em São Paulo, devido a um enfarte, em 25 de fevereiro de 1945.

Principais obras

Poesia: Há uma gota de sangue em cada poema (1917); Paulicéia desvairada (1922); Losango cáqui (1926); Clã do jabuti (1927); Remate dos males (1930); Lira paulistana (1946).


Capa obra Paulicéia desvairada

Ficção: Amar, verbo intransitivo (1917); Macunaíma (1928); Os contos de Belazarte (1934); Contos novos (1946).


Capa obra Macunaíma

Ensaios: A escrava que não é Isaura (1925); Aspectos da literatura brasileira (1943); O empalhador de passarinho (1944).


Capa obra A escrava que não é Isaura.

Vale a pena saber mais:

Poesia
Na obra Há uma gota de sangue em cada poema (1917), seu primeiro livro de poemas, ainda apresenta características parnasianas, resultado do impacto que a guerra causou no poeta. Nesta obra, Mário de Andrade usou o pseudônimo de Mário Sobral. Em Paulicéia desvairada (1922), o autor rompe com a tradição e, usando recursos como a poesia telegráfica, neologismos, italianismo, constrói um documentário poético da Cidade de São Paulo:

Observe:
“Laranja da China, laranja da China, laranja da China!
 Abacate, cambucá e tangerina!
Guardate ! Aos aplausos do esfuziante clown,
heroico sucessor da raça heril dos bandeirantes,
passa galhardo um filho de imigrante,
loiramente domando um automóvel!”

ou

São Paulo, comoção da minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!...Traje de losangos...Cinza e ouro...
Luz e bruma...Forno e inverno morno...

Nas obras Losango cáqui (1926), Clã do jabuti (1929), o autor aproveita costumes, folclore e linguagem de diferentes regiões do país. Em Remate de males (1930) e Lira paulistana (1946), retomo o tema de Paulicéia desvairada.


Capa da obra Losango cáqui

Prosa
Em seu primeiro romance, Amar, verbo intransitivo (1927), Mário de Andrade critica e desmascara a moral da burguesia paulistana. Sua obra mais importante, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928) é uma rapsódia, devido à variedade de gêneros presentes na obra:
1. Epopeia: fala da criação do herói;
2. Crônica: palavras bem despojadas;
3. Paródia: imitação dos estilos.
O autor apresenta o Brasil através de seu folclore, lendas, provérbios, frases feitas, tudo num tom oral, valorizando a língua falada.

Para saber mais:
Rapsódia: Na música, rapsódia significa composição instrumental que utiliza fragmentos de melodias tiradas de cantos tradicionais ou populares. Importante lembrar que Mário de Andrade, além de folclorista, foi um dedicado musicólogo.

Observe as características neste trecho da obra Macunaíma:

Capítulo 1
“ No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite .Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Urariocoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia . Essa criança que chamaram de Macunaíma .
Já que na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mas de seis anos não falando . Si o incitavam a falar exclamava!...
-Ai! Que preguiça!...
E não dizia mas nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente dos dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado, mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz  que habitando a água-doce por lá .No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e frequentava com aplicação a murua a poracê o tore o bacoroco a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.”
[...]

  
Como referenciar: "Mário de Andrade" em Só Literatura. Virtuous Tecnologia da Informação, 2007-2024. Consultado em 29/03/2024 às 07:42. Disponível na Internet em http://www.soliteratura.com.br/modernismo/modernismo3.php