Autores modernistas da primeira fase (continuação)
Manuel Bandeira
Manuel de Souza Bandeira Filho nasceu em Recife, filho de um engenheiro. Sua família mudou-se para o Rio de Janeiro em 1890. Retornou a Recife em 1892 e voltou novamente ao Rio de Janeiro, em 1896.
Aos 17 anos, Manuel Bandeira ingressou no curso preparatório da Escola politécnica de São Paulo, com a intenção de seguir a carreira de arquiteto.
No entanto, a tuberculose o impossibilitou de seguir os estudos. Passou então a morar em locais secos e frios, conforme orientavam os médicos da época. No ano de 1913, buscando melhorar sua saúde, internou-se em um sanatório em Clavandel, na Suíça.
Manuel Bandeira, Recife (PE), 1886 - 1968
A doença progrediu e o abateu de maneira que foi necessário ter uma vida regrada e praticamente reclusa. Nos anos seguintes, perdeu o pai e a irmã, o que o tornou ainda mais melancólico e triste. Iniciou sua carreira no ano de 1917 com A cinza das horas, obra influenciada pelas estéticas parnasiana e simbolista.
Em 1922, enviou a São Paulo o poema Os Sapos, que foi lido sob vaias, durante a Semana de Arte Moderna. Para sobreviver, passou a escrever crônicas para diversos jornais.
No ano de 1930, com a publicação de Libertinagem, consolidou-se como a maior voz poética do Modernismo. No final da mesma década, tornou-se professor de Literatura no Colégio D. Pedro II. No ano de 1943, foi nomeado professor de Literatura Hispano-Americana da Faculdade Nacional de Filosofia.
Pouco a pouco, Manuel Bandeira foi transformando-se em unanimidade nacional. Em 1966, foi homenageado em todo o país, pela passagem de seus oitenta anos. Manuel Bandeira faleceu no Rio de Janeiro, em 1968.
Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda, Rio de Janeiro (RJ) – 1967.
Manuel Bandeira caracterizava sua obra com versos simples e uma linguagem simples e coloquial, por vezes utilizando sátira. Observe este fragmento do poema Os sapos, do livro Carnaval, de 1919, onde o autor satiriza os poetas parnasianos.
Os sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
[...]
Principais obras
Poesia: A Cinza das Horas (1917); Carnaval (1919); O Ritmo Dissoluto (1924); Libertinagem (1930); Estrela da Manhã (1936); Poesias Escolhidas (1937); Poesias Completas (1940); Mafuá do Malungo (1948), Opus 10 (1952); 50 Poemas Escolhidos pelo Autor (1955); Estrela da Tarde (1963); Estrela da Vida Inteira: Poesias Reunidas – (1966).
Publicação A cinza das horas
Poema assinado por Manuel Bandeira
Crônica: Crônicas da Província do Brasil (1936); Guia de Ouro Preto (1938); Os Reis Vagabundos e mais 50 Crônicas (1966); A Flauta de Papel (1957); Andorinha, Andorinha (1966); Colóquio Unilateralmente Sentimental (1968); Crônicas Inéditas* ( 2008) . * Publicação póstuma
Capa publicação Guia de Ouro Preto
Ensaios: Autoria das "Cartas Chilenas" (1940); Apresentação da Poesia Brasileira (1946); Noções de Histórias das Literaturas (1946); Oração de Paraninfo (1946); Literatura Hispano-Americana (1949); Gonçalves Dias, Biografia (1952); De Poetas e de Poesia (1954); Poesia e Vida de Gonçalves Dias (1962); Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire, Castro Alves – Biografias(1963).
Publicação de De Poetas e de Poesia autografado por Manuel Bandeira
Memória: Itinerário de Pasárgada (1954).
Obra Itinerário de Pasárgada